Comunidade Quilombola

Barra Bananal e Riacho das Pedras – Rio de Contas – BA  

A comunidade nasceu no século XVII quando Raposo Tavares chegou e encontrou os negros fugidos que vieram de Itacaré

Dados da comunidade

A comunidade é reconhecida pela Fundação Palmares tendo como data de reconhecimento em 22/12/1999. Também tem o título de terras e vivem cerca de 80 famílias. Possuem Associação que se chama Associação de Desenvolvimento Comunitário Rural de Barra do Brumado que corresponde à Barra, Bananal e Riacho das Pedras. Participou do  Agente de Cultura Griô Quilombola e do Conselho Estadual Quilombola. Jovens bolsistas Daniel de Jesus Silva e Elisnei Nascimento da Silva.

A comunidade nasceu no século XVII quando Raposo Tavares chegou e encontrou os negros fugidos que vieram de Itacaré, no Sul da Bahia. Então obrigaram os negros a fazer a descoberta de uma vila que hoje se chama Mato grosso, local onde o povo negro foi escravizado e segregado por muito tempo. Os negros construíram as primeiras casas da vila e a primeira igreja do alto do sertão da Bahia totalmente feita de pedra. Eles caminhavam diariamente 16 Km, pois de acordo com o horário escravocrata, o trabalho era feito durante o dia e a noite descansavam, o que os obrigavam a saírem muito cedo para amanhecer o dia na roça, sob pena de perder a refeição.

Carmo Joaquim da Silva, nasceu em 16/07/1956, e foi alfabetizado na Barra onde trabalhou desde os treze anos. Ele foi professor do primeiro MOBRAL do curso pela rádio A Voz do Brasil, ensinou cinco anos no MOBRAL, posteriormente, foi indicado pela professora leiga Maria da Conceição Lopes para ensinar pela prefeitura no MOBRAL. Iniciou o trabalho de liderança na igreja católica aos 13 anos, o que o ajudou a se desinibir para falar em público. Com 23 anos, foi estudar no Colégio religioso dos Padres Joseleitos que ficava a 15 km de distância. Nesta época morava na casa dos padres e aos finais de semana, se dedicava ao trabalho com a comunidade. Formou-se em magistério e técnico de contabilidade, voltou para a comunidade e fez um curso de atendente rural por sete meses, depois foi para a roça e cuidou de um grupo de sobrinhos. Após três anos foi auxiliar de uma professora na Barra do Brumado que foi para São Paulo e não voltou, então permaneceu na vaga por seis anos, quando formou o primeiro grupo de alunos. Depois deste período, retornou para a saúde, fez um curso de auxiliar de enfermagem durante o dia e trabalhou na saúde a noite. Em 2009, concluiu o curso técnico de enfermagem e hoje está se aposentando no mesmo cargo. Nos dias atuais continua o trabalho como liderança comunitária e também nos trabalhos missionários da igreja católica.

História do mestre Griô Carmo Joaquim da Silva

Um dos principais mitos dos mais velhos é sobre a história do Pente de Ouro. Diziam que no poço da piçarra tinha um pente de ouro, inclusive, segundo minha madrinha Nilza, minha mãe chegou a ver esse pente que era encantado. Junto a ele, tinha a boneca de ouro que era muito linda e brilhava muito, ela aparecia e sumia. Falavam que os mais velhos que faleceram, reaparecem para avisar onde tem ouro enterrado. A pessoa escolhida era acompanhada pela alma até o local onde estava o ouro, quando chegava no lugar, o olho da alma brilhava como farol, indicando o local correto. Essa pessoa que desenterrou o ouro tinha que agradecer primeiro, se por acaso, a alma agradecesse primeiro, a pessoa que desenterrou teria poucos dias de vida.

Nilza de Jesus Silva, nasceu em 1965 no Quilombo de Barra do Brumado. Passou aqui toda sua infância e adolescência, e aos doze anos perdeu a mãe, o que a obrigou a ir trabalhar na roça muito cedo. Foi a partir de um curso de artesanato que aconteceu na igreja católica que a fez iniciar no artesanato e conseguiu conquistar muitas coisas para si e para a família. Atualmente, participa da Associação das mulheres Quilombolas de Barra Bananal e Riacho das Pedras e tem um grande sonho de ver melhorias para a comunidade e para sua família.

História da mestra Griô Nilza de Jesus Silva

O nome da comunidade surgiu referente aos encontros dos rios fazenda nova e brumado, poço do ubaú. Deu-se esse nome de barra do brumado e as primeiras pessoas que chegaram aqui vieram de Itacaré. Um navio atolou em Itacaré, sul da Bahia, e o povo veio até aqui andando. Ao perceberem que estavam sendo enganados dentro do navio, saltaram no rio e quem não morreu escapou dos carros no mato. Assim, seguiram  para o trajeto do Rio das Contas e no percurso alguns pararam pelo município de Ituaçu na Chapada. Alguns ficaram e outros seguiram para o rio Brumado, mas quando Raposo Tavares chegou outros tiveram que ser   obrigados  a trabalhar em Mato Grosso.

MANIFESTAÇÃO TRADICIONAL

Terno de Reis

Dentre as manifestações culturais da comunidade, o Terno de Reis da Barra do Brumado é formado por instrumentos musicais e adoradores do Reis: Mauricio, Miguel, Jorge, Chico, Nice, Cida, Nilza, Zé de Raquel, Mindo e Carmo. O grupo dá início às saídas nas casas dos moradores da comunidade e nas novenas da festa de São Sebastião, no dia 06 de janeiro e só termina  no final do mês.  Os festejos começam pela comunidade vizinha chamada  Bananal no início da noite e só acaba no sol raiar. O grupo de Reis passa de porta em porta acordando as pessoas com música e ao som dos instrumentos,  depois que canta a cantiga do reisado tem uma roda de samba  do grupo e eles  caminham para outra residência com muita energia e alegria. Para a manifestação cultural precisamos de Zabumba, triângulo, violão, cavaquinho, pandeiro, zabumba e trajes

Quadrilha Junina

Também temos a Quadrilha junina da comunidade iniciada no ano de 2005, pela professora Sandra Aparecida Augusto. Ela foi a responsável por quase tudo  naquela época, entre figurinos arranjos e a organização da festa. Pela parte dos textos do casamento caipira, foi através de Olivia conhecida por Suelen na comunidade, a primeira apresentação depois  uma pequena apresentação dos personagens Zé Vicente e Maricota organizado pela professora na época Cida Lopes. Já se passaram 16 anos e o grupo ainda está com toda energia para dar continuidade nos eventos juninos, hoje é tradição a quadrilha na comunidade, recebemos várias pessoas, entre eles, o prefeito e pessoas de lideranças, secretário, diretores de colégio. Para o encerramento da festa não pode faltar aquele forrozinho com as bandas locais, para darmos continuidade com mais força precisamos de Zabumba, triângulo, violão, cavaquinho, pandeiro, zabumba e trajes

Participação política da comunidade

Conselho de Cultura
Conselho Quilombola Regional
Conselho Quilombola estadual
Conselho municipal de Cultura
Conselho Municipal de meio ambiente
CONAQ/ Conselho Nacional  dos quilombos
CEAQ-Ba/ Conselho Estadual  de Associações Quilombolas da Bahia
Coordenação/ Participação de Atividades comunitárias
Conselho Quilombola da Chapada Diamantina
 

Necessidades prioritárias

Saneamento básico nas casas
Acesso a internet e inclusão digital
Apoio a grupo culturais
Apoio a festas tradicionais
Reforma/implantação do posto de saúde
Projeto de irrigação e equipamentos para roça
Reforma de casas de farinha
Projeto de psicultura
Projeto de apicultura
Projeto de turismo comunitário
Reforma na estrada
Projeto político pedagógico na escola
Incentivo a agricultura familiar
Implantação do PENAE/ programa nacional de alimentação Escolar
Bolsa de incentivo para mestres Griô quilombola

Daniel de Jesus – Jovem Bolsista

Elisnei Nascimento – Jovem Bolsista