Comunidade Quilombola

Renascimento dos Negros – Seabra – BA  

A comunidade ficou conhecida como Rua dos Negros, pela grande concentração de negros que aqui moravam, depois passou a se chamar Rua dos Morenos numa tentativa de impor um embraquecimento forçado aos mesmos.

Dados da comunidade

A comunidade é reconhecida pela Fundação Palmares desde 04/04/2013, mas não possui título da terra. Lá vivem cerca de 60 familias, sob acompanhamento da  Associação dos Remanescentes Quilombolas do Quilombo Renascimento dos Negros (75 99834-0784). Dentre os projetos desenvolvidas na comunidade estão Capoeira, futebol, informática, educação patrimonial, cisterna de produção agrícola, projeto de agricultura Bahia Produtiva. Também participaram do Projeto de Lei Aldir Blanc pelo Ponto de Cultura Viva Quilombo – Renascimento dos Negros, e pelo CAR com  Segurança Alimentar e Nutricional – Edital quilombola 2018.

FACEBOOK DA ASSOCIAÇÃO: https://www.facebook.com/quilombo.renascimentodosnegros/

E-MAIL DA ASSOCIAÇÃO: [email protected]

A comunidade nasceu a partir da migração de quilombolas vindo da comunidade de Baixão Velho, município de Seabra-Bahia. Por volta do ano 1925, quando nessa época existia a coluna prestes, mais conhecida popularmente por revoltosos, passava pela Bahia. Logo em sequência veio a crise da fome em 1932, onde a maioria dos quilombolas, numa tentativa de procurar fontes de renda tiveram na agricultura familiar caminho para existência. Logo na sequência, outros moradores de demais quilombos da região de Seabra migraram formando a comunidade. Outrora a comunidade ficou conhecida como Rua dos Negros, pela grande concentração de negros que aqui moravam, depois passou a se chamar Rua dos Morenos numa tentativa de impor um embraquecimento forçado aos mesmos. A partir de 2011, começou o processo de certificação através da Associação recém fundada, sendo reconhecida oficialmente em 2013 pela Fundação Cultural Palmares.

Elson de Jesus Souza, nascido em 07 de dezembro de 1967, morador da comunidade Quilombola Renascimento dos Negros. A trajetória de Elson como agricultor, começou quando ele tinha aproximadamente 15 anos, e é efetuada até os dias atuais, trabalhos que vem de geração em geração, pois antigamente a agricultura era a única renda que eles tinham. Seu Elson é considerado pelos moradores como um mestre, por ser um dos mais velhos da comunidade e  passar algumas informações do passado. Ele é filho de uns dos moradores mais velhos da comunidade. Elson conta as histórias que ele presenciou e que ainda lembra, como por exemplo, o  primeiro nome dado a comunidade foi Rua dos Duardos, pelo fato de o primeiro morador se chamar Eduardo, e que depois passou a ser chamado de Rua dos Negros, com o tempo Rua dos Morenos, e hoje é Renascimento dos Negros.

História do Mestre Griô Elson de Jesus Souza

Os mais velhos da comunidade acreditam que há tempos atrás existia aqui um lobisomem. E todos na comunidade não deixavam as crianças sem serem batizadas, pois acreditavam que o lobisomem comiam crianças pagãs. Se alguém vestisse a blusa ao avesso na sexta-feira, virava o lobisomem. Outros dizeres da comunidade: Se alguém deixasse a sandália virada que a mãe morria, ou que homem não pode assaltar a mulher que dá azar.

Regina de Jesus Souza, nascida em 11 de agosto de 1972, na comunidade quilombola Renascimento dos Negros, Zona Rural, do município de Iraquara-BA, onde vive até os dias de hoje. Tem como manifestação de saber a cultura de adoração as Rezas de Cosme e Damião, tradição de herança cultural deixada pelos seus pais. Dona Regina benze as crianças para tirar o mau-olhado, ela aprendeu a rezar com a sua tia dona Maria que passou os ensinamentos desde de quando ela era criança. Dona Regina tem grandes sabedorias sobre ervas medicinais, ela faz remédios caseiros de ervas medicinais para curar algumas doenças. Para pressão alta usa o chá de capim santo, para a má digestão se usa a erva cidreira e Hortelã e Poejo para a gripe e resfriados. Também tem o manjericão e a camomila como calmante. 

História da Mestra Griô Regina de Jesus Souza

MANIFESTAÇÃO TRADICIONAL

Agricultura Familiar

Em uma das histórias da comunidade, tem a de Elson de Jesus Souza que começou a trabalhar na roça com aproximadamente 15 anos de idade. As atividades na roça eram realizadas com o grupo familiar reunido, onde todos realizavam as tarefas. Essas atividades são realizadas até os dias atuais e nessa época não existia as máquinas agrícolas. Os manejos eram feitos com utilização de ferramentas puxadas por animais, e as atividades eram todas manuais. A renda de sustentação da família era a produção da roça, e antigamente a produção era maior por conta das chuvas, dentre essas produções, também se fazia nas casas de farinha da comunidade.

As casas de morada eram de taipas, a iluminação era de candeeiro com querosene. Até um tempo atrás, não tinha água encanada, todos da comunidade utilizavam água de tanques de barreiro, localizados na própria comunidade. O seu pai realizava a reza de Senhor do Bonfim, fazia via sacra, cultura essa que são tradições dos seus antepassados, e se realizam até os dias atuais. Elson conta que  ouvia de seus pais e tias que a muito tempo eles foram perseguidos nas matas pelos revoltosos, que vinham com a intenção de tomar suas terras, e assim enfrentavam grandes dificuldades, passavam fome pela dificuldades de adquirir alimentos, sendo assim a única fonte de alimento vinha da roça onde plantavam e colhiam, e apesar das dificuldades era um tempo bom de viver, em comparação ao que vivem nos dias atuais. Para continuarmos preservando a nossa manifestação cultural da agricultura familiar precisamos de mais ferramentas para o trabalho.

Mesa de Cosme e Damião

Outra manifestação importante é a mesa de Cosme e Damião, realizada no dia 27 de setembro todos os anos seguidos. Diz dona Regina que há 31 anos ela vem mantendo a sua cultura e a tradição deixada pelos seus pais e avós.

É muito importante para mim, porque é uma herança cultural deixada pelos meus antepassados, pais e avós. Afirma Dona Regina.

Ela conta que deu início a adoração da Reza de Cosme e Damião quando identificou alguns problemas de saúde. Por ser oriunda do parto de gêmeos, aos 18 anos de idade ela recebeu um chamado e foi procurar entender do que se tratava, foi então que os seus pais disseram que ela deveria realizar as manifestações como seguimento das rezas que eles faziam. Segundo eles, avós e demais parentes já realizavam manifestações semelhantes, como por exemplo a reza de Senhor do Bonfim, Cosme e Damião e São João. Essas rezas antigamente eram mais fluentes, varias pessoas praticavam, festejavam, e hoje eu vejo que a maioria das pessoas deixaram um pouco de lado e já não acompanham tanto e nem valorizam como antigamente. A manifestação cultural de Reza de Cosme e Damião precisa de Pandeiro, atabaques, figurino, apoio financeiro para fomento aos grupos, materiais diversos, instrumentos para darmos continuidade a nossa cultura.

Participação política da comunidade

Conselho de Cultura
Conselho Quilombola Regional
Conselho Quilombola estadual
Conselho municipal de Cultura
Conselho Municipal de meio ambiente
CONAQ/ Conselho Nacional  dos quilombos
 CEAQ-Ba/ Conselho Estadual  de Associações Quilombolas da Bahia
Coordenação/ Participação de Atividades comunitárias
 Conselho Quilombola da Chapada Diamantina

Necessidades prioritárias

Saneamento básico nas casas
Acesso a internet e inclusão digital
Apoio a grupo culturais
Apoio a festas tradicionais
Reforma/implantação do posto de saúde
Projeto de irrigação e equipamentos para roça
Reforma de casas de farinha
Projeto de psicultura
Projeto de apicultura
Projeto de turismo comunitário
Reforma na estrada
Projeto político pedagógico na escola
Incentivo a agricultura familiar
Implantação do PENAE/ programa nacional de alimentação Escolar
Bolsa de incentivo para mestres Griô quilombola

Fabio Mandinga – Liderança da Comunidade

Edileide Oliveira – Educadora

Maiara Viana – Jovem Bolsista

Gilvanete Souza – Jovem Bolsista