HISTÓRIA DA COMUNIDADE:

Barriguda – Mucugê – Ba

Seu nome foi originado de uma árvore nomeada barriguda, que era abundante na região, inclusive hoje não é mais encontrada.

Dados da comunidade

A comunidade é reconhecida pela Fundação Palmares desde 04 /02 /2011, mas não tem o título da terra. São acompanhadas pela Associação comunitária de barriguda, cerca de 74 famílias sob a presidência de Maria Flaziana Silva (75 98329-5806). A comunidade participou dos Projetos Agente de Cultura Griô Quilombola e Reisado, com os bolsistas  Henrique Nascimento Sousa, Maiara Lima de Souza e Sirlaine Oliveira Paixão.

A Comunidade Quilombola da Barriguda tem 74 famílias representada pela Associação comunitária de Barriguda. É reconhecida pela FUNDAÇÃO PALMARES desde 04 /02 /2011, porém  ainda não tem o título da terra. A associação é presidida por Maria Flaziana Silva, contato (75) 98329-5806, pelo educador Henrique Nascimento e os Jovens Maiara Lima de Souza e Sirlaine Oliveira Paixão.  A comunidade não possui projetos apoiados atualmente e necessita prioritariamente de: Apoio a grupos culturais; Apoio às festas tradicionais; Reforma/implantação posto de saúde; Reforma da casa de farinha; Incentivo a agricultura familiar.

A comunidade de Barriguda está localizada a 55 km de Mucugê, na divisa com o município de Palmeiras, atualmente conta com 74 famílias, seu nome foi originado de uma árvore de mesmo nome que era abundante na região, inclusive hoje não é mais encontrada. segundo algumas pessoas mais idosas da localidade. o povoado teve seus primeiros habitantes na segunda metade do século XIX, mais propriamente na década de 1870, sendo seus pioneiros moradores: João Negro(escravo). Bertoldo, Cecilio Carvalho, Simplicio, Anora, Leocádio, Cecilia Maria da Silva Maximiana Pereira. Antonino Bernardes Vieira Manoel de Almeida. Bartolina Edewirges, Vitorino Alves, Salustiana Silva, entre outros.

A cultura local foi sempre o Reisado, a Reza das Almas, Trezenas de Santo Antônio, Jarê. As trezenas de santo Antônio (padroeiro da Barriguda) eram rezadas em vários pontos da comunidade, mas com a construção da paróquia, se consolidou. Hoje muitas das culturas caíram no esquecimento, como o Jarê, que não existe mais o centro e sim pessoas que se deslocam para cultuarem em outros lugares, existe a festa de Cosme e Damião, mas não tem a mesma atuação de deuses encontrados no Candomblé, para algumas pessoas, o fato da quase extinção dessas culturas se deve a conversão de muitos para a religião evangélica, hoje muito abundante na região. A culinária é abrangente, dispõe de godo, feijão de corda, cortado de mamão verde, palma, bredo, vatapá, caruru, cantiga.

Nosso mestre conta que teve uma história muito sofrida e de muita dificuldade. O pai dele era reiseiro e que morava no Pati, foi lá que o pai dele aprendeu o reisado, ele também conta que os reisados eram festas muito boas, mas devido as condições dele na época  não podia frequentar essas festas por falta de condições de ter uma roupa ou um calçado. Foi então que ele tomou a decisão de ir embora para São Paulo, foi complicado porque o pai dele não permitia de forma alguma. Foi aí que ele resolveu sair escondido e quando o pai dele soube ele lá tinha ido.

Ele também conta que ter ido embora foi muito bom, pois ele conseguiu trabalhar e melhorar de vida e ainda ajudar o pai dele que a partir desse trabalhou as coisas foram melhorando para todos. Depois ele veio embora do Pati e construiu a primeira casa  que na época era de enchimento, depois construiu uma outra de adobe. Ele conta que não é Reiseiro e sim que é filho de reiseiro, mas aprendeu a cantar o Reis com o pai dele, e que fica muito feliz de hoje poder praticar de uma tradição que ele aprendeu com o pai.

Sobre a manifestação tradicional da comunidade, o mestre conta que na comunidade já tinha Reisado mais foi acabando por que as pessoas que faziam naquela época tinham falecido ou mudado. Então o pai dele que morava no Pati tinha um grupo que já cantava lá, mas quando ele veio morar aqui na Barriguda começou a reunir algumas pessoas e cantava nas lapinhas. Com o passar do tempo esse movimento começou a ganhar força e ele conta que o pai saia de casa em casa, e durante sete dias ficava fora cantando Reis. Isso começou a virar um costume, durante um tempo eles cantavam Reisado em vários lugares e ia arrecadando dinheiro para no final fazer a grande festa. Hoje o Reis ainda é muito presente, mas já não tem tanta força como antes e teme esse movimento acabar, assim como outros porque os mais jovens de hoje não dão muita atenção a estes movimentos. Para continuidade do Reisado a comunidade precisa de violão, pandeiro, caixa, triângulo e reco-reco, assim como camisa florida e saia florida com roda.

HISTÓRIA DO MESTRE GRIÔ: Candido Pereira de Sousa

Na agricultura, o que predomina é a plantação de café, feijão, milho, arroz, mandioca e algumas hortaliças, sabendo-se que são lavouras de pequeno porte, devido à classe econômica local que é baixa, salvo que o café era mais cultivado antes do que hoje. A população conta com duas casas de farinha, uma de tração manual, particular, construída na década de 1.940 e outra de tração mecânica e coletiva, construída há algumas décadas e reformada recentemente (antes eram quatro casas de farinha ao todo, todas manuais).

Os casamentos eram realizados depois de algum tempo de namoro, para as festas, as paredes eram pintadas com tubatinga, que se extraia da serra, enfeitava se com bandeirolas, coladas ao barbante com goma de tapioca, e a festa era embalada por sanfona e pandeiro. Quando morria alguém, era levado ao enterro em redes, que lá eram deixadas junto ao corpo, mais tarde os homens começaram produzir os caixões, segundo testemunhos, ninguém conseguia dormir devido ao barulho das ferramentas usadas na confecção dos caixões que soavam a noite inteira, enquanto outras pessoas as rezavam para defunto. Geralmente as pessoas eram sepultadas um dia e meio ou dois dias depois da morte.

Nossa mestra conta sua história e diz que quando ela tinha dois anos de idade sua mãe faleceu, por falta de condições seu pai a deu para uma tia criar, e assim ela veio morar aqui na comunidade. Casou-se com 16 anos, construiu sua própria casa com o marido como servente e ele como pedreiro. Depois vieram os filhos, o marido teve de ir embora para São Paulo para poder sustentar a família. Enquanto tudo estava correndo bem, o marido quebrou as duas pernas, e foi um período de muito sofrimento e necessidade. Depois do acidente, o marido nunca mais voltou como era antes mas tinha de trabalhar para sustentar a família, por conta disso foi tendo complicações que mais tarde levou ao óbito. A vida ficou difícil, mas depois ela conseguiu uma  pensão que foi dando pra sobreviver.

HISTÓRIA DA MESTRA GRIÔ: Eulália Oliveira da Paixão

MANIFESTAÇÃO TRADICIONAL

Terno de Reisado

O mestre conta que na comunidade já tinha reisado mais foi acabado por que as pessoas que faziam naquela época tinha falecido ou mudado. Então o pai dele que morava no Pati tinha um grupo que já cantava lá no Pati então como ele veio morar aqui na Barriguda ele começou a reunir algumas pessoas e cantava nas lapinhas.
Como passar do tempo esse movimento começou a ganhar força ele conta que o pai dele saia de casa e durante sete dias ficava fora cantando Reis e que isso começou a virar um costume durante um tempo eles cantava reisado em vários lugar e ia arrecadando dinheiro pra no final fazer a grande festa.
Ele conta que hoje o Reis ainda e muito presente mais já não tem tanta força como antes e que teme esse movimento acabar assim como outros por que os mais jovens de hoje não dão muita atenção a estes movimentos.

 MITO HISTÓRIA DO LOBISOMEM

Zuzu sabe das coisas… E, se ela diz, é porque é.

Contou pra mim, sem pedir segredo, que nos tempos da velha Odila, tinha lobisomem pelas bandas de Barriguda! E já tinham batido o olho nele, lá pelos barrancos de Esbarrancado.

Dava meia noite, quem tinha juízo se avexava pra trancar as portas com trava de pau. Tinha menino que suava que nem cuscuz debaixo dos panos, sobre a cama dura de couro de boi, mas não descobria nem cabeça nem os pés, que era pro bicho não pegar…

Triste de quem tivesse seus gatos, suas galinhas, seus chu linhos, seus bichos de estimação!… O lobisomem com seu uivo de ensurdecer botava medo por aqui!…

Um dia, conta Zuzu, a velha Odila teve um plano: ferveu água no fogão a lenha. Ficou de vigília a noite todinha! Lá pelas tantas horas, ouviu o uivo. Corajosa, ficou ali, atrás da barriga da barriguda, esperando o cão chegar! Ele che gou. Ela tremia que nem vara verde, mas não se afrouxou. Quando pensar que não, foi aí que ela jogou água borbuolhando na cara do lobisomem! Nunca mais ele voltou.

Participação política da comunidade

Necessidades prioritárias

APOIO A GRUPOS CULTURAIS 
APOIO ÀS FESTAS TRADICIONAIS
REFORMA/IMPLANTAÇÃO POSTO DE SAÚDE 
PROJETO DE IRRIGAÇÃO E EQUIPAMENTOS PARA AS ROÇAS
REFORMA DA CASA DE FARINHA
INCENTIVO A AGRICULTURA FAMÍLIAR 

Fabiano Silva –  Liderança da Comunidade

 

Maiara Lima – Jovem Bolsista

 

Sirlaine Oliveira – Jovem Bolsista