Comunidade Quilombola

Cachoeira e Mocambo – Seabra – BA  

Os indígenas  foram  os primeiros  habitantes da comunidade

Dados da comunidade

A Comunidade é reconhecida pela Fundação Palmares desde 22/08/1998 e tem o título de terra com cerca de 242 famílias. É acompanhada pela Associação Quilombola dos povoados de Cachoeira e Mocambo (75 99823 0737). Projetos desenvolvidos pela comunidade e seus parceiros, CONAB, PENAI E CAR. E tem como necessidades prioritárias apoio às festas tradicionais, saneamento básico, projeto de apicultura, implantação do pnae/bolsas de incentivos para mestre griô quilombola.

E-mail da associação: [email protected]

A comunidade surgiu entre os anos 1920 a 1925. Os indígenas  foram  os primeiros  habitantes da comunidade, a tribo os Taquaras que  deram o nome do rio, o mesmo nome da tribo, Rio Taquaras sempre teve muita água. Através dele que deu-se o plantio da cana de açúcar porém precisava de mão  de obra, e a partir disso vieram os escravizados para trabalhar. 

Eles fizeram um açude próximo a uma bela cachoeira que serviu de inspiração para o nome atual que é Cachoeira. O outro nome mucambo surgiu através das árvores  conhecidas por este nome. A parte cultural  da comunidade  é  representada pela igreja católica e um Terno de Reis (reisado). A economia é movimentada pela agricultura familiar, bolsa família, aposentadoria, funcionários públicos.

Me chamo Raimundo Rodrigues de Oliveira, nasci em 13 de dezembro de 1952. Sou filho de Maria Onélia Neves dos Santos e de Sebastião Rodrigues de Oliveira. Na comunidade de Mocambo e Cachoeira nasci e fui criado. Desde novo vi as dificuldades da vida, aos 8 anos perdi meu pai e desde então tive que começar a trabalhar pra ajudar minha mãe a criar meus 7 irmãos, cacei lasca de pedra, puxei roda em casa de farinha e passei muita fome. Ainda assim, fui muito bem educado a não pegar nada de ninguém, ser uma pessoa honesta.

Com a ajuda de Deus e os recursos da natureza fomos criados, o meu divertimento era pescar, badocar e jogar bola. Foi aí que com a ajuda dos colegas, fizemos o primeiro campo na comunidade e consegui a primeira bola, até então não sabíamos como era uma bola. Aos 16 anos, eu mesmo tive que me registrar para poder viajar pra São Paulo para trabalhar, aumentando minha idade dois anos a mais para conseguir trabalho, fiquei uns 4 anos morando lá e depois voltei para cá, onde casei e criei 10 filhos.

História do mestre Griô Raimundo Rodrigues Oliveira

Sobre um dos mitos, há anos atrás quando criança, minha avó contava sempre a noite. Ao se aproximar a Semana Santa (quaresma) aparecia um lobisomem, uma parte era homem e a outra era bicho, um lobo. Esse monstro comia as crianças que não eram batizadas e, comia também porquinhos novinhos. Os nossos cabelos se arrepiaram de medo, principalmente quando os cachorros latiam.

MANIFESTAÇÃO TRADICIONAL

Devoção para Santo Reis

A história da nossa comunidade também teve como marco a história de uma jovem viúva, seu nome era Amélia, mãe de seis filhos pequenos que começou a fazer sua devoção para Santo Reis. Ela fazia a reza no dia 06 de janeiro, que teve início dia 25 de dezembro. Dona Amélia, chamou seu vizinho que também era devoto e juntos rezavam o terço. Era um pequeno grupo de 10 pessoas, todas da mesma família. Após as rezas era o momento da janta, com muita dificuldade, era aquela panela pequena de pouca quantidade de alimento, porém tinha que distribuir a todos. Nos anos seguintes já manifestaram em tocar suas cantigas de reis em outros povoados vizinhos, já engordou um porco e algumas galinhas. Na mesa teve mais fartura, o tempo foi passando e foram cantando em outras comunidades, e hoje eles formaram um grupo organizado com uma festa muito boa, contendo 25 pessoas no “Terno de Reis”. No ano de 2020, foi a festa mais famosa da Chapada, que começou apenas com uma panelinha de carne de cabeça de boi, no ano de 1965, hoje mata boi, porcos, galinhas e muitos comes e bebes. Foi um grande avanço.

Desfile com as jovens da comunidade

Há muitos anos atrás decidimos que no dia 20 de novembro, dia da Consciência Negra faríamos um desfile com as jovens da comunidade mostrando a beleza das mulheres negras. Virou tradição e todos os anos acontecem. Precisamos para o evento de instrumentos musicais como tambor e pandeiros.

Participação política da comunidade

 Conselho de Cultura
 Conselho Quilombola estadual 
Conselho Municipal de meio ambiente
 CEAQ-Ba/ Conselho Estadual  de Associações Quilombolas da Bahia
Conselho Quilombola da Chapada Diamantina
Conselho Quilombola Regional
 Conselho municipal de Cultura
CONAQ/ Conselho Nacional  dos quilombos
Coordenação/ Participação de Atividades comunitárias

Necessidades prioritárias

Saneamento básico nas casas
Apoio a festas tradicionais
 Reforma/implantação do posto de saúde
 Reforma de casas de farinha
 Projeto de apicultura
 Reforma na estrada
Incentivo a agricultura familiar
 Bolsa de incentivo para mestres Griô quilombola
 Acesso a internet e inclusão digital
Apoio a grupo culturais
 Projeto de irrigação e equipamentos para roça
 Projeto de psicultura
Projeto de turismo comunitário
 Projeto político pedagógico na escola
Implantação do PENAE/ programa nacional de alimentação Escolar

Eliene Jesus de Oliveira – Educadora Bolsista

Laís dos Santos Souza – Educadora Bolsista