Comunidade Quilombola

Meio Centro – Iraquara – BA  

Inicialmente as pessoas pertenciam a comunidade de Esconso, aí as famílias foram crescendo e construindo suas casas ao redor

Dados da comunidade

A comunidade é reconhecida pela Fundação Palmares tendo como data de reconhecimento em  03/01/2017. Desde então possuem o título da terra, e moram cerca de 45 famílias. Possuem associação comunitária, chamada Associação Quilombola de Meio Centro (75 997058128). Tiveram apoio no projeto de Páscoa para as crianças.

E-MAIL DA ASSOCIAÇÃO?  [email protected]

Link de manifestação cultural nas redes: https://www.facebook.com/100004735957732/posts/1874083486092832/?flite=scwspnss

A história da nossa comunidade iniciou, quando uma família decidiu morar entre duas comunidades vizinhas, que são as comunidades de Lagoa Seca e Esconso. Inicialmente as pessoas pertenciam a comunidade de Esconso, aí as famílias foram crescendo e construindo suas casas ao redor, assim deixando o meio vago. Porém com o avanço das Famílias foram preenchendo esse meio. Esse histórico foi contado por Eunápio Brito, um dos moradores mais velhos, a partir disso a comunidade foi nomeada por Meio Centro. Ainda com o crescimento da comunidade, o seu pertencimento era da comunidade de Esconso, e devido a isso a nossa comunidade deixava de acessar as políticas públicas porque os membros da associação davam prioridade apenas aos moradores do Esconso. Devido a isso, os moradores da comunidade decidiram se organizar criando a Associação comunitária de Meio Centro em 2008, foi aí que começou a luta pelo reconhecimento da comunidade com remanescente de Quilombo e Graças a iniciativa dos moradores. Também tivemos apoio de juntamente com o apoio de um parceiro de um quilombo vizinho da comunidade José Fábio Teixeira de Carvalho, o Fábio Quilombola. Ele, hoje é o Diretor da Secretaria de Reparação Racial do município, e através dessas lutas que nossa Comunidade recebeu título de reconhecimento de comunidade remanescente de quilombolas no dia 03 de Janeiro de 2017.

Mariane do Carmo Oliveira nasceu no dia 27 de novembro de 1998, é solteira, seus pais se chamavam Eurípedes Alves de Oliveira e Maria Aparecida Elza do Carmo. Mariane tem uma irmã mais velha, e atualmente é graduada em Letras Vernáculas pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Quando criança gostava de brincadeiras como casinha, esconde-esconde, já na adolescência tinha mais afinidade de jogos na escola e nas ruas da comunidade. Os conhecimentos sobre remédios naturais foram passando de geração para geração, por exemplo: o chá de camomila, que tem um efeito calmante, serve para ansiedade. O chá de manjericão alivia gases intestinais, o chá de alecrim serve para queda de cabelo. O seu interesse pela quadrilha da comunidade, surgiu quando completou os 13 anos, pois foi quando já era maior para poder participar.

História da mestre Griô Mariane do Carmo Oliveira

Uma das lendas da comunidade é a história do lobisomem, tinha uma casa de farinha e todo dia que ele chegava de manhã cedo as crueiras estavam comidas. Os mais velhos sabiam que isso era coisa de lobisomem e armou uma tocaia num dia à noite. Um dos mais velhos ficou atrás da porta da casa de farinha, e aí o lobisomem chegou. Ele fechou a porta para dar nele e o bicho endoidou para sair, mas como ele não conseguiu pegar, rumou o machado no pé do lobisomem e ele saiu correndo. Ninguém nunca mais ouviu falar do bicho.

Reizilene Alves dos Santos, nasceu em 15 de Janeiro de 1987. Nascida e criada na Comunidade Quilombola de Meio Centro, se casou em 2007 e ao se casar foi morar em outra comunidade próxima chamada Parnaíba. Lá viveu por doze anos e depois se separou em 2019. Com o fim do relacionamento, ela voltou para a sua comunidade e foi a partir do seu retorno que entrou no grupo cultural, pois os objetivos eram os mesmos do resgate e fortalecimento da cultura local.

A minha mãe se chama Idalice, o meu pai Raimundo. Um aprendizado que deixou na minha vida é que devemos ser sempre honesto e trabalhador e nunca querer o que é dos outros, respeitar as pessoas independente de religiões ou crenças. (Relato oral contado por Reizilene Santos)

Quando criança o que ela mais gostava de fazer era brincar de casinha, boneca e cantigas de roda. Reiziliene tem um filho de treze anos, e três irmãos, ela conta que conheceu alguns tipos de remédios medicinais e para que serve, como por exemplo o boldo do Chile que serve para comidas que fez mal,  o chá da umburana serve para baixar pressão alta, a camomila serve para ansiedade e dormir, o chá de gengibre com alho e limão é bom pra gripe, não esquecendo o tradicional chá de capim santo que é um verdadeiro calmante. 

História da mestre Griô Reizilene Alves dos Santos

MANIFESTAÇÃO TRADICIONAL

Quadrilha Maluca tradicional de Meio Centro

Uma das manifestações culturais da comunidade é a Quadrilha Maluca tradicional de Meio Centro, ela surgiu a partir da iniciativa de dois jovens, Erica Serra e Rafael Santos, ao perceberem que não havia nenhuma animação no mês de junho para a comunidade. Ambos decidiram fazer uma brincadeira no terreiro do pai de Rafael, por ser um sanfoneiro por nome de Elias conhecido por “Preto”. Com o passar dos anos, e com o crescimento das comunidades passou a ser na praça da comunidade com mais integrantes e com caixas de som, assim foi aumentando o número de pessoas presentes e hoje é considerada a melhor da região. A manifestação não possui, na maioria das vezes, figurinos e equipamentos de som como caixa de som amplificada, microfones, gambiarra, ornamentação, chapéu de palha, fantasias, extensão.

Grupo Cultural de Dança Afro do Meio Centro

A outra manifestação também importante é o Grupo Cultural de Dança Afro do Meio Centro que surgiu a partir do momento, que os jovens perceberam que a única animação da comunidade acontecia apenas na época das festas juninas. As outras datas comemorativas passavam em branco, tendo como consequências, o congelamento da cultura local, e hoje graças ao grupo cultural que a nossa comunidade tem lembrado de todas as datas comemorativas especiais trazendo muita animação para as crianças e adultos com as peças de teatro do grupo, alcançando assim seus objetivos que é o resgate da cultura.

O grupo cultural do meio centro foi criado por Érica de Souza Serra e hoje ele é formado por 12 pessoas que são: Crisley Santos Alves, Klécia Vitória S. De Matos, Paloma Silva Canaverde, Emili de Jesus Alves, Mariane Carmo Oliveira, Samara Cristina Santos Araújo, Agrimares Rosa de Souza, Daiane Lima de Novaes Santos, Reizilene Alves dos Santos, Jorranes dos Santos Silva, Thalita Lima dos santos Santos e Mateus Lima dos santos.

As apresentações são feitas na praça em datas comemorativas que são tradicionais da comunidade, como a Páscoa, Dia das mães, Festa  junina, Dia dos Pais , Dia das Crianças e Natal. A manifestação precisa de roupas caracterizadas, fantasias, extensão, caixa de som amplificada, microfone, gambiarra.

Participação política da comunidade

Conselho de Cultura
Conselho Quilombola Regional
Conselho Quilombola estadual
Conselho municipal de Cultura
 Conselho Municipal de meio ambiente
CONAQ/ Conselho Nacional  dos quilombos
CEAQ-Ba/ Conselho Estadual  de Associações Quilombolas da Bahia
Coordenação/ Participação de Atividades comunitárias
Conselho Quilombola da Chapada Diamantina

Necessidades prioritárias

Saneamento básico nas casas
Acesso a internet e inclusão digital
Apoio a grupo culturais
Apoio a festas tradicionais
Reforma/implantação do posto de saúde
Projeto de irrigação e equipamentos para roça
Reforma de casas de farinha
Projeto de psicultura
Projeto de apicultura
Projeto de turismo comunitário
Reforma na estrada
Projeto político pedagógico na escola
Incentivo a agricultura familiar
Implantação do PENAE/ programa nacional de alimentação Escolar
Bolsa de incentivo para mestres Griô quilombola

Crésio Novais – Liderança da Comunidade

Crislei Santos – Jovem Bolsista

Érica Souza – Jovem Bolsista

Jhonathan Gabriel – Jovem Bolsista